domingo, 26 de setembro de 2010

Algumas considerações importantes

Acredito que a afirmação de que há pessoas que passam pela nossa vida por um curto período de tempo, mas que ficam para sempre marcadas faz sentido para muita gente. Há lugares que também têm essa mesma característica. Uma escola em que passei apenas 3 dias me rendeu histórias que conto até hoje. E uma outra em que passei apenas umas quatro horas??? Meu Deus, já foi mais do que suficiente. Acho que essas passagens foram necessárias e, como disse meu amigo Josué, professor de inglês, algumas coisas aconteceram não por sorte, mas porque Deus quis assim. Foi necessário passar por isso, e eu passaria de novo.
Alguns alunos já sabem que comecei a escrever um livro com as minhas histórias dos lugares por onde passei e plantei conhecimento (ou não, nunca se sabe), muitas dessas histórias são engraçadas - mais quando contadas pessoalmente que quando contadas aqui por escrito, mas a gente tenta, né? - outras são mais reflexivas.
A imagem que eu fazia da educação antes de passar por tudo o que passei e a imagem que tenho hoje são muito diferentes, felizmente ou infelizmente. Hoje acho que vejo as coisas de um modo mais claro, sem romantismos, interpretando a realidade. As histórias que vocês lerão aqui contadas - se acharem que vale a pena, porque se acharem uma droga é só ir ali em cima e digitar www.orkut.com.br/colheitafeliz e aí sim se divertir - não conterão nomes de escolas nem de algumas pessoas, por motivos éticos... mas quem me conhece saberá exatamente do que eu estou falando.
Então divirta-se, conheça esse mundo pelo qual você certamente passou, ou está passando, e descubra como é estar do outro lado: do lado do professor.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Como me fiz professora - parte 1



Eu diria que o início de uma profissão não é quando você escolhe o curso, ou quando você entra na faculdade, ou até quando você faz estágio supervisionado etc, etc... e sim quando você é BATIZADO naquela profissão. E eu acredito que o batismo é necessário, pois o meu foi de fundamental importância para o meu crescimento profissional.

Tudo começou numa segunda-feira, 18/06/2007, quando fui encaminhada para uma escola municipal no Ibura. Não me lembro do que aconteceu antes disso nem como peguei a carta, levei os documentos ou qualquer coisa, tive uma espécie de apagamento da memória; mas lembro perfeitamente de como cheguei lá.

Ficamos eu e mais dois amigos em pé na porta esperando o diretor. Eu estava feliz da vida porque nunca tinha trabalhado de verdade na vida e iria ser na minha profissão, quer coisa mais legal??

Quando o nobre senhor diretor resolveu dar o ar da graça, convidou-nos a entrar em sua sala para uma reunião e disse tantas barbaridades (ou verdades) que fiquei estarrecida e tive certeza de que aquele homem era doido. Coisas do tipo "eu não tenho coração" ou "se um menino desses der na senhora e machucar o dedo, a senhora vai presa" foram frases célebres que a minha mente não esquece.

Na sala constatei algumas das verdades que ele tinha me dito, presenciei coisas com as quais minha visão de hoje talvez não tivesse se chocado. Fui para casa e chorei... muito! Passei três dias nesse martírio até desistir. Não tenho qualquer lembrança positiva de lá.